Por Ariana Silvia
O Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (Icsez) da Universidade Federal do Amazonas em Parintins, realizou no mês de Janeiro a eleição para a escolha dos novos representantes dos discentes no Conselho Diretor da instituição, o Consedir. E o diretor da unidade acadêmica, Antônio Heriberto Catalão Júnior, em entrevista exclusiva, disse que a ideia é que os acadêmicos queiram ter discentes que possam representá-los nas escolhas de decisões do conselho, que tem um papel fundamental nas conquistas da comunidade acadêmica, por ser a instância maior e mais importante do Icsez. Catalão também fez considerações sobre o seu desempenho juntamente com outros conselheiros do Consedir na sua gestão, e falou da importância da escolha e o papel que desempenharão com o restante da equipe. O diretor também falou dos problemas gerados pela greve e fez avaliação do seu mandato.
Ariana Sylvia:
Tendo em vista a eleição do CONSEDIR que está se aproximando, o
senhor como diretor do ICSEZ, como vê o fato da livre escolha dos
discentes por representantes que possam concorrer para fazer parte do
Conselho?
Antônio Catalão:
Eu
acho que é fundamental para a vida acadêmica que os discentes
tenham essa representação no conselho, que sejam representantes
escolhidos por eles mesmos, tendo em vista que isso é uma conquista
histórica do movimento estudantil e não só do movimento
estudantil, quanto de toda a comunidade. Tanto acho que propus isso
ao conselho diretor, já que nós esperávamos que no primeiro
momento eles próprios se organizassem. Como não houve essa atitude
por parte dos estudantes, então tivemos a iniciativa de formar uma
comissão que pudesse desencadear esse processo, justamente para que
eles não ficassem mais tempo sem sua representação no conselho,
uma vez que é o conselho máximo da nossa comunidade acadêmica.
A.S: Os
representantes que forem escolhidos, o que irão fazer? Apenas
fiscalizar ou suas opiniões influenciarão na decisão do conselho?
O senhor pode nos fazer uma prévia e traçar um perfil desse tipo de
atuação ou como deverão atuar?
A.C:
Os representantes discentes participam de todas as discussões, são
membros normais do nosso conselho. Por exemplo, ontem
realizamos a nossa reunião extraordinária, foram decididas
muitas coisas como solicitação de salas da antiga UFAM por parte de
um professor, projetos, pedidos de alunos que tiveram problemas na
solicitação de matrículas, estágio probatório, pedido de
progressão da carreira dos professores, isso apenas o que decidimos
na reunião do mês de janeiro, ou seja, todas as decisões mesmo.
Faz um ano mais ou menos que nós decidimos que a casa estudantil
seria construída aqui no nosso campus, que estava prevista para ser
no centro da cidade. Havia uma demanda de alunos e decidimos trazê-la
para cá, levamos para o Conselho Diretor e juntos decidimos isso,
quer dizer, todas essas discussões passam pelo Conselho, então é
importante que os representantes sejam ativos nessa discussão,
portanto é essencial a participação deles, a opinião, a decisão
e o voto dos representantes tem o mesmo peso que dos outros
conselheiros. Portanto eles atuarão desta forma.
A.S: Os últimos
representantes dos discentes no conselho eram estudantes de
jornalismo. O senhor consegue fazer uma avaliação, no seu ponto de
vista, da atuação deles?
A.C:
Eu acho que eles atuaram bem. Eles foram eleitos em situações
diferentes, então o Thiago Godinho entrou primeiro e teve uma
atuação mais ampla pelo tempo maior em que ficou, mas eu acho que
os dois tiveram uma boa atuação. O João Áreo assumiu em 2011
quando eu já estava na gestão, depois tivemos a greve e em seguida,
quando retornamos, ele já estava defendendo o TCC, mas pelo tempo
que ficou desempenhou uma atuação significativa e acho que os
estudantes foram bem representados nesse período em que tiveram uma
participação excelente. No tempo em que ficaram nos ajudaram
bastante e foram muito importantes no conselho.
A.S: Aproveitando
o gancho desta oportunidade, sabemos que a greve desarticulou ou
desestabilizou muitas coisas no ICSEZ, deduzimos então que deve ter
sido muito difícil para o senhor como diretor deste instituto. Como
conseguiu lidar com esta situação?
A.C:
Não existe greve sem perda, não existe greve sem prejuízos, aliás,
esta é a própria finalidade da greve. Ouve sim uma série de
dificuldades com relação ao calendário acadêmico e da parte
administrativa, licitações que não foram feitas, projetos que
deveriam ter andado e não puderam andar, porque a greve não foi só
dos professores, a greve foi dos técnicos também, ou seja, dos
servidores federais e eu sempre fiz questão como diretor, de apoiar
a greve. Eu não sou diretor, eu estou diretor, eu sou um professor e
fiz questão de deixar isso bem claro e firmar esse
compromisso com a minha categoria. Da nossa parte nós elaboramos
documentos e enviamos e-mails para outras unidades acadêmicas,
articulamos e fizemos um documento oficial de apoio. A greve
sempre traz dificuldades, porque esse é o seu propósito, nós como
membros, sentimos muito, mas, é importante uma reivindicação como
essa, fizemos questão de participar desse movimento, de uma maneira
ativa, achamos que naquele momento era o mais importante a fazer.
A.S: Já fazem
quase 2 anos da sua gestão no ICSEZ. Quanto a ela, o que foi feito?
Há algum plano ou projeto que não foi realizado. Qual?
A.C:
Estamos nos aproximando da metade do mandato e a greve atrasou muito,
por exemplo, a licitação da casa dos estudantes. Nós estamos
andando com a construção do bloco específico do curso de artes,
existe o projeto do restaurante universitário, que ficou parado por
causa da greve também, já entregamos o projeto arquitetônico do
restaurante, mas, isso não é daqui é de lá, um problema resolvido
por lá. Nós estamos esperando. Fora os prejuízos administrativos,
tivemos prejuízos financeiros em que o governo contingenciou, como
verbas federais que voltaram, porque o governo estabelece um prazo
para aplicar o dinheiro e com a greve, tivemos dificuldade de
estabelecer uma ementa orçamentária, o que fez com que a quantia
fosse contingenciada. Só neste período de greve, tivemos um
prejuízo de 13 bilhões de reais que estavam previsto por emendas
parlamentarias que talvez nem tanto culpa da greve, mas de
origem mais política do que propriamente técnica.
A.S: Com relação
ao seu desempenho de diretor, como o senhor avalia? Quais as suas
considerações?
A.C:
Olha, eu faço uma avaliação positiva que se e estende a toda uma
equipe que desempenhou um papel muito importante. Do ponto de
vista administrativo e a toda comunidade, afinal, muitas coisas foram
feitas desde que chegamos aqui até o atual momento. Os nossos
professores, alunos e técnicos avançaram,as nossas conquistas foram
no sentido amplo. Tivemos a ampliação do auditório, colocamos
cadeiras melhores e mais confortáveis, equipamos os nossos
laboratórios com bastantes materiais e quem estudou aqui antes da
nossa administração sabe disso. Tivemos a construção do nosso
ginásio poliesportivo que ficou pronto, foram conquistas coletivas.
Mobiliamos todas as salas dos professores, que quando nós assumimos,
não tínhamos nem cadeiras. Aumentamos o número de livros em 40% na
biblioteca, os números de Pibics, quase quadriplicaram de 12 para
40. Tem conquistas que precisamos mencionar, mas ainda existem coisas
que precisam ser feitas e estamos no processo de transformação de
unidade acadêmica para Universidade, o que facilitará na construção
do nosso próprio plano orçamentário que contribuirá muito para a
comunidade em geral.
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