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sexta-feira, 15 de março de 2013

Entrevista perfil com Marcivone Seixas

Por: Kethleen  Rebêlo
 É impossível falar da Associação dos Catadores de Lixo de Parintins (Ascalpin) sem mencionar o nome de Marcivone Casemiro de Seixas. Seus cabelos negros, a pele bronzeada do árduo trabalho que exerce e o jeito simples de falar e agir, mostram a pureza desta catadora de sonhos. A maneira em que cada palavra era pronunciada e o modo humilde em dividir cada sonho relatado, são a marca registrada dessa mulher trabalhadora. Dizem os amigos de trabalho que Marcivone nunca foi de muita conversa, mas pôde-se perceber que quando o assunto é o trabalho na Ascalpin, a jovem trabalhadora não economiza as palavras. Em um diálogo no seu ambiente de serviço, constituía-se o cenário de nosso conversa, um lugar atulhado de resíduos sólidos, de pouca ventilação e com cheiro do trabalho intenso daquelas pessoas que ali frequentam.
Natural de Barreirinha-AM, onde concluiu o ensino médio, Marcivone conta que morava com seus pais e que teve uma infância um pouco difícil, contudo, em momento algum reclama da convivência ou dificuldades, pelo contrário, é notório o brilho em seus olhos quando fala de sua escalada de vida. Apesar de não falar muito do assunto, ela conta que sua trajetória foi primordial para realizar suas escolhas e traçar seus objetivos de vida.
De acordo com as dificuldades e obstáculos que lhes foram propostos, Marcivone se tornou uma mulher trabalhadora, guerreira e que sempre lutou pelos seus direitos. Hoje, caminhando pros seus 30 anos de vida, vive em união estável, é mãe de quatro filhos e ainda tem que conciliar o trabalho de dona do lar e presidente da Associação. Marcivone conta que chegou a Parintins aos 22 anos, trabalhou em um frigorifico e também foi doméstica. Seu trabalho na Ascalpin iniciou no final do ano de 2007, o dividia com cerca de sessenta associados, sendo que hoje há somente quinze pessoas desenvolvendo este trabalho, e apenas 2 pessoas são associados antigos.
No início do trabalho na Associação, Marcivone conta que teve a experiência de ir à lixeira pública do município para coletar o lixo durante pouco mais de um ano, e os catadores mais antigos já trabalhavam lá há 6 anos, porém, nos dias atuais, eles não realizam mais esse trabalho. Conhecedora das leis dos resíduos sólidos, a presidente conta que sonha com o dia em que será aprovada a aplicação de multa nos comerciantes e nas pessoas que não separam seus lixos produzidos. Marcivone trabalha na ASCALPIN há 6 anos e está na presidência há 3 anos. Ela conta que não se imagina trabalhando em outro lugar, pois gosta muito do trabalho que exerce, o qual faz com dedicação e aplicação. No mês de março de 2013 haverá uma nova eleição para a presidência da Associação e ela diz que irá concorrer para então poder continuar exercendo a colocação.
Sobre a função desenvolvida na Associação, Marcivone fala que acha muito importante o trabalho que desempenha, pois os membros da associação, bem como todos os que ajudam direta e indiretamente, contribuem de forma significante para a preservação do meio ambiente. A catadora de resíduos sólidos conta que atualmente o tema preservação vem sendo mais pensado e discutido, e, aliado ao desenvolvimento sustentável e reciclagem formam uma equipe forte em prol de um melhor futuro para o planeta e para a sobrevivência humana. “O catador de material reciclável é um trabalhador urbano que recolhe os resíduos sólidos recicláveis, tais como papelão, alumínio, vidros e outros. Assim ajuda de forma primordial e significativa para a preservação do meio ambiente”, relata a jovem presidente.
Marcivone encerra dizendo que todas as vezes que é possível, conta sua história de vida para seus quatro filhos e os sugere continuar desempenhando esse trabalho admirável, pois a cada experiência adquirida e a cada objetivo alcançado, a força de vontade em continuar desenvolvendo este trabalho voluntário e consciente para algo que beneficia o mundo e a sociedade aumenta mais e mais.

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