Por: Kethleen Rebêlo
É impossível falar da Associação dos Catadores de Lixo de
Parintins (Ascalpin) sem mencionar o nome de Marcivone Casemiro de
Seixas. Seus cabelos negros, a pele bronzeada do árduo trabalho que
exerce e o jeito simples de falar e agir, mostram a pureza desta
catadora de sonhos. A maneira em que cada palavra era pronunciada e o
modo humilde em dividir cada sonho relatado, são a marca registrada
dessa mulher trabalhadora. Dizem os amigos de trabalho que Marcivone
nunca foi de muita conversa, mas pôde-se perceber que quando o
assunto é o trabalho na Ascalpin, a jovem trabalhadora não
economiza as palavras. Em um diálogo no seu ambiente de serviço,
constituía-se o cenário de nosso conversa, um lugar atulhado de
resíduos sólidos, de pouca ventilação e com cheiro do trabalho
intenso daquelas pessoas que ali frequentam.
Natural de Barreirinha-AM, onde concluiu o ensino médio, Marcivone
conta que morava com seus pais e que teve uma infância um pouco
difícil, contudo, em momento algum reclama da convivência ou
dificuldades, pelo contrário, é notório o brilho em seus olhos
quando fala de sua escalada de vida. Apesar de não falar muito do
assunto, ela conta que sua trajetória foi primordial para realizar
suas escolhas e traçar seus objetivos de vida.
De acordo com as dificuldades e obstáculos que lhes foram propostos,
Marcivone se tornou uma mulher trabalhadora, guerreira e que sempre
lutou pelos seus direitos. Hoje, caminhando pros seus 30 anos de
vida, vive em união estável, é mãe de quatro filhos e ainda tem
que conciliar o trabalho de dona do lar e presidente da Associação.
Marcivone conta que chegou a Parintins aos 22 anos, trabalhou em um
frigorifico e também foi doméstica. Seu trabalho na Ascalpin
iniciou no final do ano de 2007, o dividia com cerca de sessenta
associados, sendo que hoje há somente quinze pessoas desenvolvendo
este trabalho, e apenas 2 pessoas são associados antigos.
No início do trabalho na Associação, Marcivone conta que teve a
experiência de ir à lixeira pública do município para coletar o
lixo durante pouco mais de um ano, e os catadores mais antigos já
trabalhavam lá há 6 anos, porém, nos dias atuais, eles não
realizam mais esse trabalho. Conhecedora das leis dos resíduos
sólidos, a presidente conta que sonha com o dia em que será
aprovada a aplicação de multa nos comerciantes e nas pessoas que
não separam seus lixos produzidos. Marcivone trabalha na ASCALPIN há
6 anos e está na presidência há 3 anos. Ela conta que não se
imagina trabalhando em outro lugar, pois gosta muito do trabalho que
exerce, o qual faz com dedicação e aplicação. No mês de março
de 2013 haverá uma nova eleição para a presidência da Associação
e ela diz que irá concorrer para então poder continuar exercendo a
colocação.
Sobre a função desenvolvida na Associação, Marcivone fala que
acha muito importante o trabalho que desempenha, pois os membros da
associação, bem como todos os que ajudam direta e indiretamente,
contribuem de forma significante para a preservação do meio
ambiente. A catadora de resíduos sólidos conta que atualmente o
tema preservação vem sendo mais pensado e discutido, e, aliado ao
desenvolvimento sustentável e reciclagem formam uma equipe forte em
prol de um melhor futuro para o planeta e para a sobrevivência
humana. “O catador de material reciclável é um trabalhador urbano
que recolhe os resíduos sólidos recicláveis, tais como papelão,
alumínio, vidros e outros. Assim ajuda de forma primordial e
significativa para a preservação do meio ambiente”, relata a
jovem presidente.
Marcivone encerra dizendo que todas as vezes que é possível, conta
sua história de vida para seus quatro filhos e os sugere continuar
desempenhando esse trabalho admirável, pois a cada experiência
adquirida e a cada objetivo alcançado, a força de vontade em
continuar desenvolvendo este trabalho voluntário e consciente para
algo que beneficia o mundo e a sociedade aumenta mais e mais.
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