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segunda-feira, 18 de março de 2013

Entrevista Perfil com Fernanda Soares

Por Evailza Pantoja

 
            Nascida no dia 22 de maio de 1990, a bela parintinense Fernanda Pimentel Soares, filha da dona de casa Maria Ordenia Pimentel Soares e Fernando Oliveira Soares, é a quarta de cinco filhas. Estudou o jardim de infância no Chapeuzinho Vermelho e o ensino fundamental na escola Geny Bentes.
            Sua adolescência foi um pouco complicada na escola, ela sofreu bulling, por ser gordinha e morena. Foi um período difícil, ela teve traumas psicológicos pelo fato de ser agredida verbalmente pelos colegas de aula. Para emagrecer tomava vinagre com sal. Em decorrência disso, teve uma grave gastrite, mas emagreceu e conseguiu ter um corpo perfeito que sempre sonhou.
            Silvia Soares, a sua segunda irmã viajou para o Japão com o marido, na cidade de Takaoka, próximo a Nagoya, quando Fernanda tinha apenas 14 anos. Como ela era muito próxima da Silvia, sofreu muito com a ida da irmã, pelo fato de saber que ela iria morar em outro país e que custaria vê-la. Já faz nove anos que ela não vê a irmã e nem a filha que a irmã dela teve no Japão.
            Com 15 anos de idade, Fernanda já trabalhava na Coca-Cola como recepcionista no aeroporto e no porto de Parintins. Em 2006 foi estudar o ensino médio na escola estadual Senador João Bosco Ramos de Lima. Nesse mesmo ano consegue trabalhar como pesquisadora na Secretaria de Turismo do Amazonas.
            Fernanda já teve a experiência de viajar para o exterior, conheceu uma das cidades da Venezuela, Margarita, no qual ela foi com um grupo de amigos a passeio e ficaram uma semana na cidade.  Em 2007, ela viajou para Rio Branco a convite do namorado. Conheceu o estado de Rondônia, a capital Porto Velho, e as cidades Cacoal e Vilhena, está última cidade ela foi para conhecer uma festa popular. A última viagem que ela fez foi para o estado de São Paulo, no município de Araçatuba, de férias com uma das irmãs.
            Quando terminou o ensino médio, no ano de 2009, ela passou no vestibular da Universidade do Estado do Amazonas, em Tecnologia e Gestão em Turismo. Nesse mesmo ano em junho, ela conseguiu o primeiro trabalho de carteira assinada no Posto Brasileiro no cargo de frentista. Em setembro de 2012 ela se tornou gerente do Posto Parintins, esse posto faz parte da empresa Caçapava, mas ela só ficou por um mês, pois o cargo requeria muito tempo dela. Com isso atrapalhavam a finalização da monografia do curso, então, ela pede para sair do cargo e volta a ser frentista de novo, pois só trabalhava de manhã. Mas por ser uma pessoa competente não demorou muito como frentista. Em dezembro ela se torna Gerente de RH no posto Caçapava.
            A professora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), MS.c Socorro Paiva irá transformar a monografia da Fernanda em um artigo científico, para em seguida ser publicado numa revista. Fernanda vai fazer a colação em 28 de fevereiro de 2013, ela vai ser a juramentista na cerimônia de formatura.
            Enfim, Fernanda é uma pessoa de auto astral, sempre alegre e de bem com a vida, e amiga de todos que a consideram, assim um de seus amigos Jorge Pedreno a classifica.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Entrevista perfil com Marcivone Seixas

Por: Kethleen  Rebêlo
 É impossível falar da Associação dos Catadores de Lixo de Parintins (Ascalpin) sem mencionar o nome de Marcivone Casemiro de Seixas. Seus cabelos negros, a pele bronzeada do árduo trabalho que exerce e o jeito simples de falar e agir, mostram a pureza desta catadora de sonhos. A maneira em que cada palavra era pronunciada e o modo humilde em dividir cada sonho relatado, são a marca registrada dessa mulher trabalhadora. Dizem os amigos de trabalho que Marcivone nunca foi de muita conversa, mas pôde-se perceber que quando o assunto é o trabalho na Ascalpin, a jovem trabalhadora não economiza as palavras. Em um diálogo no seu ambiente de serviço, constituía-se o cenário de nosso conversa, um lugar atulhado de resíduos sólidos, de pouca ventilação e com cheiro do trabalho intenso daquelas pessoas que ali frequentam.
Natural de Barreirinha-AM, onde concluiu o ensino médio, Marcivone conta que morava com seus pais e que teve uma infância um pouco difícil, contudo, em momento algum reclama da convivência ou dificuldades, pelo contrário, é notório o brilho em seus olhos quando fala de sua escalada de vida. Apesar de não falar muito do assunto, ela conta que sua trajetória foi primordial para realizar suas escolhas e traçar seus objetivos de vida.
De acordo com as dificuldades e obstáculos que lhes foram propostos, Marcivone se tornou uma mulher trabalhadora, guerreira e que sempre lutou pelos seus direitos. Hoje, caminhando pros seus 30 anos de vida, vive em união estável, é mãe de quatro filhos e ainda tem que conciliar o trabalho de dona do lar e presidente da Associação. Marcivone conta que chegou a Parintins aos 22 anos, trabalhou em um frigorifico e também foi doméstica. Seu trabalho na Ascalpin iniciou no final do ano de 2007, o dividia com cerca de sessenta associados, sendo que hoje há somente quinze pessoas desenvolvendo este trabalho, e apenas 2 pessoas são associados antigos.
No início do trabalho na Associação, Marcivone conta que teve a experiência de ir à lixeira pública do município para coletar o lixo durante pouco mais de um ano, e os catadores mais antigos já trabalhavam lá há 6 anos, porém, nos dias atuais, eles não realizam mais esse trabalho. Conhecedora das leis dos resíduos sólidos, a presidente conta que sonha com o dia em que será aprovada a aplicação de multa nos comerciantes e nas pessoas que não separam seus lixos produzidos. Marcivone trabalha na ASCALPIN há 6 anos e está na presidência há 3 anos. Ela conta que não se imagina trabalhando em outro lugar, pois gosta muito do trabalho que exerce, o qual faz com dedicação e aplicação. No mês de março de 2013 haverá uma nova eleição para a presidência da Associação e ela diz que irá concorrer para então poder continuar exercendo a colocação.
Sobre a função desenvolvida na Associação, Marcivone fala que acha muito importante o trabalho que desempenha, pois os membros da associação, bem como todos os que ajudam direta e indiretamente, contribuem de forma significante para a preservação do meio ambiente. A catadora de resíduos sólidos conta que atualmente o tema preservação vem sendo mais pensado e discutido, e, aliado ao desenvolvimento sustentável e reciclagem formam uma equipe forte em prol de um melhor futuro para o planeta e para a sobrevivência humana. “O catador de material reciclável é um trabalhador urbano que recolhe os resíduos sólidos recicláveis, tais como papelão, alumínio, vidros e outros. Assim ajuda de forma primordial e significativa para a preservação do meio ambiente”, relata a jovem presidente.
Marcivone encerra dizendo que todas as vezes que é possível, conta sua história de vida para seus quatro filhos e os sugere continuar desempenhando esse trabalho admirável, pois a cada experiência adquirida e a cada objetivo alcançado, a força de vontade em continuar desenvolvendo este trabalho voluntário e consciente para algo que beneficia o mundo e a sociedade aumenta mais e mais.

Entrevista perfil com Rafael Bellan

  Por: Beatriz Souza
Sob a mesa, uma garrafa de vinho branco compunha a escrivaninha, junto a alguns livros e uma pequena garrafa de cachaça amarela com símbolo do seu time, Palmeiras. Rafael Bellan Rodrigues de Souza, 31 anos, pai da pequena e adorável Anita, é professor de comunicação social na Universidade Federal do Amazonas, tem um currículo apresentável, ou melhor, e extenso por sinal.
Possui doutorado em Sociologia na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), mestrado em Comunicação Midiática pela UNESP (2006) e graduação em Comunicação Social - Jornalismo também pela UNESP (2003).
Passou em uma das universidades públicas mais disputadas, era aluno do movimento estudantil sempre engajado, além de participar de movimentos de ocupação junto com Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. (MST). Depois de concluir sua graduação, passou direto para o mestrado, e ao concluí-lo trabalhou um pouco como jornalista na assessoria de imprensa e coordenador da radio universitária na Universidade federal de são Carlos (UFSC). Lá começou a se envolver com aula. Na verdade, a ideia de ser professor surgiu no momento em que estava fazendo o mestrado. Lá descobriu que queria isso para o resto da vida, em suas palavras “Não queria só ficar fazendo lead”, embora gostasse de ser jornalista, percebeu que tinha um potencial maior pra estudar, pesquisar e escrever.
Logo depois, surgiu a oportunidade de fazer jornalismo cultural, topou o convite de ser editor de história em quadrinhos em São Paulo capital, e isso caiu como uma luva, sendo que, sempre gostou e teve uma afinidade com quadrinhos. E nesse mesmo momento teve a felicidade de passar no doutorado, mas, ao mesmo tempo como disse ele “Aí eu fiquei lascado morando em são Paulo capital, trabalhando 8 horas por dia e ainda fazendo doutorado, eu lia no metro pendurado, tinha que soltar uma das mãos pra sublinhar algo no livro. Tinha que ralar pra estudar, e foi uma loucura”.
Com tudo isso teve um impasse, a situação era meio incompatível, a vida profissional deslocada de uma vida acadêmica. E a oportunidade de se manter na área profissional universitária surgiu quando apareceu o concurso público pra Parintins. Então largou os quadrinhos e se fixou na área por lá. Disse já ter ouvido falar da terra do boi-bumbá, “Alias já sabia antes de Parintins, quando vi aquelas mulheres bonitas dançando com penas, requebrando os quadris na televisão. Achava bacana Garantido e Caprichoso, sempre soube que o vermelho é mais bacana porque, sempre tive esse envolvimento com vermelho” (risos).
Uma das guinadas profissionais e importantes já conquistadas até hoje é a carreira acadêmica que escolheu seguir. Sempre gostou de falar e ser ouvido, além do mais pesquisar é uma das coisas que gosta de fazer, e disse ele todo empolgado: “Consegui juntar duas perspectivas que eu sempre tive que é de produzir coisas, ler, estudar e ganhar para estudar, ou seja, tenho o melhor emprego do mundo”.
Um dos pontos que chamou atenção em suas palavras foi quando falou: “Eu tenho liberdade, tenho autonomia de enfoque. Ninguém vai calar a minha boca, eu posso falar o que eu quiser, e eu já tive vários constrangimentos profissionais por falar o que eu queria”. Conquistou muitas coisas e uma delas é essa autonomia a que ele se refere algo que ninguém pode tirar. Segundo ele hoje, é normal em seu trabalho haver esses constrangimentos, sabia que ao entrar nessa profissão iria passar por isso.
Um dos momentos marcantes em sua vida pessoal foi quando saiu de casa aos 18 anos, para estudar jornalismo e morar sozinho, com a vontade de dominar o mundo intelectual. O segundo momento foi seu casamento. Conheceu Claudia no ultimo ano da graduação, ela também engajada nos movimentos estudantis, e logo depois de três meses de namoro já estavam casados. Ela também se tornou professora e isso facilitou muito, “Além de ser uma companheira muito legal, liberal, nunca foi ciumenta, e pensamos muito parecidos”. E outro momento importante muito especial em sua vida pessoal, foi a chegada da Anita, sua filha. “Anita é um brilho, o sorriso dela ilumina o mundo todo, ela é uma graça, apaixonante. Ser pai é muito bacana, e eu pude ser pai adotivo por ser pai de verdade. Fui pai e mãe, eu dei mamadeira, troquei fralda, dei banho, fazia comida”, diz ser um pai coruja.
Aos finais de semana e horas livres gosta de ver filmes, ler quadrinhos, gosta de sair pra beber, conversar, e gosta muito desse universo de leitura. Um dos filmes que marcaram sua vida foi Clube da Luta, onde constrói o modelo de consumo. O filme oito e meio do Frederico Feline, e também o Diário de motocicleta, que fala sobre a juventude de Guevara. Os livros que marcaram sua vida foram de Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás cubas. Leu quando era menino e pirou com o livro, bem realista por sinal. Outro livro marcante foi o conto A Metamorfose do Káfica. E o terceiro livro O Estrangeiro, de Albert Camus, que mostra a ideia de alguém que está fora da sociedade estando dentro dela ao mesmo tempo, se chocando com os comportamentos que tem que tomar em algumas situações.


Uma das viagens mais legais que já fez foi sozinho, em 2010, pra Porto Alegre, no Fórum Social. O melhor de tudo foi ter conhecido várias pessoas. Outra viagem legal foi à Florianópolis, onde estavam Cláudia e Anita, “A sensação incrível de mostrar a praia pela primeira vez a uma criança, foi emocionante”. E sua vontade de conhecer outros lugares é imensa.
Rafael cita que têm mais vocação para o trabalho intelectual do que manual. É péssimo em trabalho manual, mas tenta quebrar um pouco esse dualismo de prática e teoria. Sempre teve esse envolvimento com a política e prática. E quanto a seu perfil como pessoa, ele diz: “eu acho que eu sou uma pessoa extrovertida, nunca fui pra baixo, nunca fui triste, acho que eu tenho um perfil meio pra cima assim, né!”.
Seus planos profissionais para o futuro é de continuar seguindo carreira acadêmica, como professor universitário, “Eu não tenho duvida nenhuma que eu estou no ramo certo, é o que eu mais me identifico, eu gosto de dar aula, gosto de estar em sala, conversar com os alunos”. Não tem pretensão de ficar em Parintins até se aposentar, quer ir para outra região em algum momento, vontade de estar em outros espaços, outras universidades. Estar perto da família é uma de suas grandes vontades a ser conquistada para o futuro, até porque Parintins é distante, e nem sempre é possível estar próximo dos parentes.
Atualmente compõe a chapa da (ADUA), movimento sindical onde milita como 3° vice-presidente, tem uma perspectiva de luta docente no movimento. Já foi muito próximo ao movimento MST, onde lecionou um curso de radio popular, trabalhou muito em acampamentos.
Como sociólogo também tem sua visão em relação ao desenvolvimento do Brasil. Destaca que o Brasil não é o país das realizações, e sim das contradições, que tende a piorar a cada dia, e está em direção ao caos social, onde as pessoas estão se tornando cada vez mais aprisionadas ao consumismo. As crianças e jovens não leem mais livros, ou assistem bons filmes, estamos indo a todo vapor em direção à desordem. O sofrimento das pessoas é cada vez mais visível, elas estão mais estressadas e deprimidas, “A realização hoje nesse país é isso, consumir é a verdadeira riqueza, gente está abandonando a riqueza artística, cultural, intelectual, as pessoas estão cada vez mais indóceis, cada vez mais idiotas, vendo programas cada vez mais toscos. Há um esvaziamento, um vazio intelectual, uma pobreza ideológica, uma miséria cultural muito intensa, tudo que se faz só se faz como mercadoria”. Porém, é otimista e acredita que podemos mudar o rumo das coisas, mas acha que o Brasil está muito longe de ser um país das realizações.

quinta-feira, 14 de março de 2013

PERFIL HERIBERTO CATALÃO



Por: Ariana Silvia

Estrada do Macurany, Bairro do Jacareacanga, uma manhã bastante chuvosa, em uma sala restrita da coordenação acadêmica da Universidade Federal do Amazonas. Lá está ele, desta vez sem o cigarro. Afinal, está no ambiente de trabalho e mesmo sabendo que vai ser apenas uma conversa com uma simples aluna, a sua postura é a mesma da sala de aula. Expressão séria, porém bastante elegante e simpático, tem a delicadeza ao dizer que está um pouquinho ocupado, mas, com um sorriso no rosto pede para esperar enquanto digita algo. Assim é o jornalista Antônio Heriberto Catalão Júnior, quando lhe pedem que conte um pouco da sua vida.
Teve certo receio com o que deveria dizer ou não, mas, não se conteve ao falar da paixão pelo jornalismo, que nasceu ainda quando ele era criança, em Araracuara, sua cidade no interior de São Paulo. O mundo de Catalão sempre foi cercado das letras e da leitura, desde os seis anos de idade nunca se viu sem o jornalismo. Falando que seu pai sempre assinou um jornal muito conhecido, chamado Folha de São Paulo. “Eu abria o caderno todos os dias e ficava olhando as figuras, o formato das letras, os quadrinhos, enfim. Nunca me ví sem essa realidade”. Catalão não poderia falar de sua trajetória de vida sem falar dos seus pais que segundo ele, foram sua principal influência nos estudos. Eles o incentivaram a vida toda e prezavam muito pela sua educação. “Meus pais de certeza tiveram um papel fundamental na minha formação, eles foram importantes sim, disso eu não tenho dúvidas.”
Mesmo gostando da leitura e dos jornais, Heriberto Catalão custou descobrir o que realmente queria fazer. Primeiro cursou dois anos de Ciências Sociais e em seguida o curso de Direito, mas, abandonou. Só depois estudou Comunicação com Habilitação em Jornalismo e aí sim, encontrou o gosto pela profissão. A cidadezinha de Vilhena, no estado de Rondônia foi um dos lugares onde o jornalista deu sequência a sua caminhada na academia. Em seguida mudou-se para Parintins, onde vive atualmente e desempenha seu trabalho como professor e diretor do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (Icsez).
Logo que Catalão se formou na Faculdade, começou a trabalhar na área de comunicação, mas, o que o doutor realmente queria, era fazer parte da academia, contribuindo com o processo de construção do conhecimento, o desejo era tanto que logo em seguida começou dar aulas em algumas instituições. Ele e a ex- mulher davam aulas em universidades privadas, porém, não tinham estabilidade nenhuma e por questão de segurança decidiram prestar concursos no estado do Amazonas. Quando Catalão foi indagado se teve dificuldades de adaptação ao chegar à cidade, o sorriso no rosto do doutor resplandeceu e não conteve o brilho nos olhos.
Por incrível que pareça, ele não teve nenhum problema que o fizesse voltar atrás, porque Catalão já tinha passado pela experiência de ter morado em outras cidades pequenas da região norte e isso facilitou bastante, mesmo sabendo que seria uma experiência nova em sua vida. Em 2007, quando Catalão chegou a Parintins, a Ufam estava começando e o curso de comunicação também, só havia uma professora específica da área e se chamava Soriany Neves, que estava se ausentando do trabalho para ir fazer mestrado. Catalão disse que foi naquele momento que se sentiu na obrigação de ajudar a levar o curso em frente.
Catalão disse que por coincidência do destino ele foi morar próximo do curral do boi azul, (Caprichoso) e isso fez com que a sua paixão pela cidade aumentasse ainda mais. Ele contou que Parintins já faz parte de sua vida em todos os aspectos e que o vínculo que construiu com os parintinenses é muito grande e forte, igualmente ao que construiu em sua terra. E ele fez questão de deixar bem claro. “O vínculo que eu construí aqui é o mesmo que eu fiz lá na minha terra. Quer dizer, na minha terra não, de onde eu vim. Porque a minha terra é aqui, eu gosto muito de Parintins”.
Mas não para por aí, Heriberto também se divide em dois, para dar conta de outros aspectos de sua vida além da administração do Icsez e das aulas ministradas no curso de comunicação da Ufam. Existe um lado sensível do professor, que vai além das ironias dele em sala de aula, quando exige em dose triplicada o que os professores de outras disciplinas cobram. Isso faz parte do perfil profissional de Catalão, disciplina é qualidade que seus alunos têm que adquirir, ele cobra bastante, todos precisam ser determinados e acíma de tudo pontuais, pois ele não permite atrasos com atividades pedagógicas.
Tolerância mesmo, só existe para o seu filho Rodrigo, de 04 anos, que mora em Belém do Pará.  Muitas das vezes, ele já deixou escapulir os paparicos que tem com o garoto, conta historias do menino e até imita a fala de Rodrigo. Atualmente a maior dificuldade de Catalão tem sido enfrentar a distância que tem de Rodrigo. Ele disse que recentemente tirou uma semana do seu tempo exclusivamente para ficar com ele lá em Belém, os dois aproveitaram o máximo que puderam, mas, o fato de estarem longe um do outro, é o que mais tem preocupado Catalão. Os colegas de trabalho possuem uma visão positiva do amigo, muitos o definem como um homem refinado e muito ético. Sua colega de trabalho, a professora Maria Audirene Cordeiro chegou a confessar que já bateu de frente com Catalão muitas vezes, em reuniões e discussõe que tiveram, mas, suas atitudes são sempre muito maduras.
Catalão reafirma que tem uma convivência boa com os outros professores e que parte deles possui uma relação mais do que profissional com ele, uma grande amizade.  Ele disse que no Icsez nunca houve algum problema com eles e que sua relação é de profundo respeito pelos colegas, até mesmo em sala de aula nunca teve ou gerou situações contrárias que o comprometesse, mantendo uma relação muito boa e positiva com os funcionários, alunos e professores.
Catalão também falou da profunda amizade que construiu com Maria Audirene, sua grande amiga, pela qual diz ter uma admiração imensa e que se identifica bastante com ela, porque possuem pontos de vistas parecidos, apesar de divergirem em algumas ocasiões. Ele considera que isso faz parte do convívio e quando chegou a Parintins, Audirene o ajudou bastante.
­­­­­­­­­­­­­­­­­­­Na sala da diretoria, uma foto do filho ainda bebê de colo, uns biscoitos no frigobar e as muitas risadas que ele dá ao dizer que a única pessoa que enche bastante o seu saco é a sua secretária Suzane, que fica pegando no seu pé toda hora, lembrando as coisas que ele tem de fazer. E termina a conversa. “Fora isso,tá tudo tranquiloo...” disse ele, com risadas e olhar irônico.
 Antônio Heriberto Catalão Júnior nasceu no dia 10 de Novembro de 1971, na cidade de Valparaíso–SP, fez mestrado em Hospitalidade: Planejamento e Gestão Estratégica, pela Anhenbí Morumbí Universiadade.  Possue Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Unesp.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Entrevista ping-pong com Mauro Tavares

 Por: Elba Guimarães
 
O vereador Mauro Tavares, eleito no município de Nhamundá na eleição do ano 2012, anuncia suas expectativas para pôr em prática seus projetos de trabalho para aquela cidade. Revela que além de um compromisso com seus eleitores e com o município, se tornou a realização de um grande sonho e que pretende corresponder a confiança depositada nele, uma vez que considera seus eleitorandos verdadeiros amigos, mas que reconhece sua imensa responsabilidade. Na entrevista a seguir, concedida na casa do vereador, ele revela algumas de suas pretensões durante os quatro anos de seu mandato no legislativo nhamundaense.
 
Elba Guimarães: Baseado em seu relato relato, o sr. diz reconhecer sua responsabilidade diante do seu eleitorado, poderia citar algumas de suas principais propostas?
Mauro Tavares: Minha vida sempre foi de desafios. Hoje estou encarando mais um desses desafio que Deus colocou na minha vida, então as principais propostas como legislador é contribuir na elaboração do Plano Diretor do município, assim como a elaboração do plano de gestão dos resíduos sólidos direcionado ao tratamento do lixo, que é um fator que muito prejudica o município pelo fato de não ter um local adequado para o devido tratamento do lixo produzido pela população. Na área da saúde solicitar ao prefeito que contrate profissionais nas áreas especificas como pediatras, ortopedistas e outros. Na educação, eu, como professor, pretendo contribuir para o melhor desenvolvimento das crianças buscando projetos que venham solucionar problemas enfrentados no dia a dia da sala de aula.
E.G: Durante seu trabalho na campanha eleitoral, quais foram as maiores dificuldades para se eleger vereador?
M.T: Eu como candidato de oposição, a maior dificuldade que enfrentei foi o lado financeiro, porque apresentava minhas propostas de trabalho. Já os adversários tentavam corromper os eleitores prometendo vantagens. Na maioria das vezes tentavam comprar o voto de cada cidadão, mas hoje podemos dizer que o povo já está mais consciente da importância de seu voto. Consegui chegar à vitória, apresentando propostas de trabalho que venham trazer vantagens para os cidadãos nhamundaenses.
E.G: É sabido que o município de Nhamundá tem 11 mil eleitores. Como você se sente ficando com a quinta colocação, tendo alcançado 3,3% dos votos, totalizando 313 uma vez que você concorreu com sessenta candidatos?
M.T: Me senti muito honrado pela confiança depositada em mim para que eu possa contribuir com o trabalho em beneficio do povo. A quinta colocação entendo que tenha sido o reconhecimento do trabalho que venho desenvolvendo ao longo de dezesseis anos na área do magistério. Isso sem dúvida contribuiu para a vitória.
E.G: Você se destaca pela sua trajetória de vida como professor da zona rural, por ter trabalhado como pedreiro e ter sido líder comunitário. Essa sua trajetória influenciou de alguma forma na sua luta politica?
M.T: Sem dúvida. Pelo fato de ter trabalhado como professor, de ser uma figura pública, o pedreiro tem seu lado profissional que faz com que tenha um contato direto com pessoas, da mesma forma o líder comunitário. Então isso contribuiu muito na decisão dos eleitores pelo fato de conhecerem meu potencial e por poderem observar a minha seriedade como pessoa que convive junto dos comunitários, pela minha determinação para trabalhar em beneficio do bem comum.
E.G: Enfim o que você pretende fazer para se diferir dos candidatos que já passaram pela câmara de Nhamundá ou dos que cumprirão mandato junto com você?
M.T: Realizar o trabalho que é designado a um legislador, procurar observar as leis e segui-las, elaborar projetos que venham beneficiar a comunidade, tanto na área urbana como da zona rural e procurar, acima de tudo, ter humildade e reconhecer quando erramos, porque certamente erros acontecerão. Mas de uma certa forma procurar fazer acertos em cima desses erros e fazer um trabalho que venha fazer a diferença no nosso município.

Entrevista ping-pong com Antônio Catalão

 Por Ariana Silvia

O Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (Icsez) da Universidade Federal do Amazonas em Parintins, realizou no mês de Janeiro a eleição para a escolha dos novos representantes dos discentes no Conselho Diretor da instituição, o Consedir. E o diretor da unidade acadêmica, Antônio Heriberto Catalão Júnior, em entrevista exclusiva, disse que a ideia é que os acadêmicos queiram ter discentes que possam representá-los nas escolhas de decisões do conselho, que tem um papel fundamental nas conquistas da comunidade acadêmica, por ser a instância maior e mais importante do Icsez. Catalão também fez considerações sobre o seu desempenho juntamente com outros conselheiros do Consedir na sua gestão, e falou da importância da escolha e o papel que desempenharão com o restante da equipe. O diretor também falou dos problemas gerados pela greve e fez avaliação do seu mandato.

Ariana Sylvia: Tendo em vista a eleição do CONSEDIR que está se aproximando, o senhor como diretor do ICSEZ, como vê o fato da livre escolha dos discentes por representantes que possam concorrer para fazer parte do Conselho?
Antônio Catalão: Eu acho que é fundamental para a vida acadêmica que os discentes tenham essa representação no conselho, que sejam representantes escolhidos por eles mesmos, tendo em vista que isso é uma conquista histórica do movimento estudantil e não só do movimento estudantil, quanto de toda a comunidade. Tanto acho que propus isso ao conselho diretor, já que nós esperávamos que no primeiro momento eles próprios se organizassem. Como não houve essa atitude por parte dos estudantes, então tivemos a iniciativa de formar uma comissão que pudesse desencadear esse processo, justamente para que eles não ficassem mais tempo sem sua representação no conselho, uma vez que é o conselho máximo da nossa comunidade acadêmica.

A.S: Os representantes que forem escolhidos, o que irão fazer? Apenas fiscalizar ou suas opiniões influenciarão na decisão do conselho? O senhor pode nos fazer uma prévia e traçar um perfil desse tipo de atuação ou como deverão atuar?
A.C: Os representantes discentes participam de todas as discussões, são membros normais do  nosso conselho. Por exemplo, ontem realizamos a nossa reunião extraordinária, foram decididas  muitas coisas como solicitação de salas da antiga UFAM por parte de um professor, projetos, pedidos de alunos que tiveram problemas na solicitação de matrículas, estágio probatório, pedido de progressão da carreira dos professores, isso apenas o que decidimos na reunião do mês de janeiro, ou seja, todas as decisões mesmo. Faz um ano mais ou menos que nós decidimos que a casa estudantil seria construída aqui no nosso campus, que estava prevista para ser no centro da cidade. Havia uma demanda de alunos e decidimos trazê-la para cá, levamos para o Conselho Diretor e juntos decidimos isso, quer dizer, todas essas discussões passam pelo Conselho, então é importante que os representantes sejam ativos nessa discussão, portanto é essencial a participação deles, a opinião, a decisão e o voto dos representantes tem o mesmo peso que dos outros conselheiros. Portanto eles atuarão desta forma.

A.S: Os últimos representantes dos discentes no conselho eram estudantes de jornalismo. O senhor consegue fazer uma avaliação, no seu ponto de vista, da atuação deles?
A.C: Eu acho que eles atuaram bem. Eles foram eleitos em situações diferentes, então o Thiago Godinho entrou primeiro e teve uma atuação mais ampla pelo tempo maior em que ficou, mas eu acho que os dois tiveram uma boa atuação. O João Áreo assumiu em 2011 quando eu já estava na gestão, depois tivemos a greve e em seguida, quando retornamos, ele já estava defendendo o TCC, mas pelo tempo que ficou desempenhou uma atuação significativa e acho que os estudantes foram bem representados nesse período em que tiveram uma participação excelente.  No tempo em que ficaram nos ajudaram bastante e foram muito importantes no conselho.

A.S: Aproveitando o gancho desta oportunidade, sabemos que a greve desarticulou ou desestabilizou muitas coisas no ICSEZ, deduzimos então que deve ter sido muito difícil para o senhor como diretor deste instituto. Como conseguiu lidar com esta situação?
A.C: Não existe greve sem perda, não existe greve sem prejuízos, aliás, esta é a própria finalidade da greve. Ouve sim uma série de dificuldades com relação ao calendário acadêmico e da parte administrativa, licitações que não foram feitas, projetos que deveriam ter andado e não puderam andar, porque a greve não foi só dos professores, a greve foi dos técnicos também, ou seja, dos servidores federais e eu sempre fiz questão como diretor, de apoiar a greve. Eu não sou diretor, eu estou diretor, eu sou um professor e fiz questão de deixar  isso bem claro  e firmar esse compromisso com a minha categoria. Da nossa parte nós elaboramos documentos e enviamos e-mails para outras unidades acadêmicas, articulamos e fizemos um documento oficial  de apoio. A greve sempre traz dificuldades, porque esse é o seu propósito, nós como membros, sentimos muito, mas, é importante uma reivindicação como essa, fizemos questão de participar desse movimento, de uma maneira ativa, achamos que naquele momento era o mais importante a fazer.

A.S: Já fazem quase 2 anos da sua gestão no ICSEZ. Quanto a ela, o que foi feito? Há algum plano ou projeto que não foi realizado. Qual?
A.C: Estamos nos aproximando da metade do mandato e a greve atrasou muito, por exemplo, a licitação da casa dos estudantes. Nós estamos andando com a construção do bloco específico do curso de artes, existe o projeto do restaurante universitário, que ficou parado por causa da greve também, já entregamos o projeto arquitetônico do restaurante, mas, isso não é daqui é de lá, um problema resolvido por lá. Nós estamos esperando. Fora os prejuízos administrativos, tivemos prejuízos financeiros em que o governo contingenciou, como verbas federais que voltaram, porque o governo estabelece um prazo para aplicar o dinheiro e com a greve, tivemos dificuldade de estabelecer uma ementa orçamentária, o que fez com que a quantia fosse contingenciada. Só neste período de greve, tivemos um prejuízo de 13 bilhões de reais que estavam previsto por emendas parlamentarias que talvez nem tanto  culpa da greve, mas de origem mais política do que propriamente técnica.

A.S: Com relação ao seu desempenho de diretor, como o senhor avalia? Quais as suas considerações?
A.C: Olha, eu faço uma avaliação positiva que se e estende a toda uma equipe  que desempenhou um papel muito importante. Do ponto de vista administrativo e a toda comunidade, afinal, muitas coisas foram feitas desde que chegamos aqui até o atual momento. Os nossos professores, alunos e técnicos avançaram,as nossas conquistas foram no sentido amplo. Tivemos a ampliação do auditório, colocamos cadeiras melhores e mais confortáveis, equipamos os nossos laboratórios com bastantes materiais e quem estudou aqui antes da nossa administração sabe disso. Tivemos a construção do nosso ginásio poliesportivo que ficou pronto, foram conquistas coletivas. Mobiliamos todas as salas dos professores, que quando nós assumimos, não tínhamos nem cadeiras. Aumentamos o número de livros em 40% na biblioteca, os números de Pibics, quase quadriplicaram de 12 para 40. Tem conquistas que precisamos mencionar, mas ainda existem coisas que precisam ser feitas e estamos no processo de transformação de unidade acadêmica para Universidade, o que facilitará na construção do nosso próprio plano orçamentário que contribuirá muito para a comunidade em geral.

Entrevista ping-pong com Danilza Teixeira

 Por: Juliana Azevedo
Danilza de Souza Teixeira, 39, é professora e intérprete de libras no colégio Estadual Brandão de Amorim. É representante do Centro Espírita de Parintins, desde 2009 e luta pela aceitação do espiritismo, que ela define como sendo a ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. Para quem ainda tem dúvidas ou quaisquer preconceitos sobre essa doutrina, ainda pouco esclarecida no seio da sociedade parintinense, Danilza fala abertamente sobre espiritismo e sua trajetória na entrevista a seguir, feita no Centro Espírita Anna Prado Amor e Caridade. 
 
Juliana Azevedo: Como você conheceu a doutrina espírita e por que a aderiu?
Danilza Teixeira: Conheci em 1997 por meio de um amigo. Fui a casa dele e quando olhei a biblioteca vi um livro que me chamou a atenção, chamado O Livro dos Médiuns de Allan Kardec. Emprestei o livro e a partir daí passei a estudar a doutrina espírita.
J.A: Você já passou por algum constrangimento ou preconceito por ser espírita?
D.T: (Risos) Sim, pois as pessoas tendem a confundir o espiritismo com quem mexe com magia negra. Sendo assim elas passam a ter outro olhar sobre o assunto por pura falta de conhecimento. E associam o espiritismo ao “demônio”. Por exemplo, eu tinha uma colega de trabalho e quando contei a ela que eu era espírita, ela se afastou de mim e hoje nem me dá um aperto de mão.
Preconceito e discriminação não me abalam, pois não importa se as pessoas não acreditam no que eu acredito agora, porque daqui a cem ou duzentos anos, em outra encarnação, elas irão crer. 
 
J.A: Muita gente confunde a doutrina espírita com a macumba (ou trabalhos para fazer mal as pessoas). Você acha que há certa dificuldade nas pessoas em aceitar o que é o espiritismo?
D.T: Bem, tudo o que é novo causa certo conflito, pois traz uma gama de novos conceitos e apesar da Doutrina Espírita ter surgido no século XVIII ainda é muito jovem. E por ela ser nova as pessoas não a conhecem e se não a conhecem a interpretam de forma equivocada e não a aceitam.
J.A: Os espíritas tem sua imagem fortemente associada à prática do bem e da caridade. Quais os projetos que o Centro almeja para Parintins?
D.T: Temos a distribuição de sopa e donativos para pessoas carentes. Recebemos esses donativos de algumas pessoas, por meio de uma atividade chamada Campanha da Fraternidade Auta de Souza, na qual escolhemos uma rua, levamos mensagens aos lares e pedimos alimentos e roupas para distribuição. 
 
J.A: Quais as atividades realizadas pelo centro para a sociedade parintinense?
D.T: Atualmente desenvolvemos trabalhos de evangelização infantil. Tem o estudo da doutrina espírita aos sábados, que nos permite conhecer o ser através do Espiritismo. Tem a conversa fraterna ou triagem que serve como tratamento espiritual. Tem também a Palestra Pública do Evangelho, Tratamento Espiritual com palestra sobre família, vício e temas postulados pela doutrina espírita. 
 
J.A: Há quanto tempo o centro espírita de Parintins está instalado no município? Qual a origem do nome?
D.T: Segundo o pesquisador Samuel Magalhães, a doutrina espírita está aqui desde 1907. Nesse período o centro chama-se Grupo Espírita Amor e Caridade. Em 2004, quando conheci o Samuel, organizamos um centro na cidade com o mesmo nome que situava-se na Rua Larga, mas não tínhamos condições de mantê-lo e fechamos. Em 2009 formamos novamente um grupo de três pessoas e com o passar do tempo foi adquirindo novos membros, a partir daí criamos o centro. E por Anna Prado ser parintinense e ter sido a maior médium de efeitos físicos do Brasil e do mundo colocamos seu nome. 
 
J.A: Quem foram os precursores do espiritismo em Parintins?
D.T: Anna Prado, Eurípedes Prado, Furtado Belém, Joaquim Colares e Tomazinho Meireles. 
 
J.A: Quais são as maiores dificuldades enfrentadas pelo Centro para se manter em Parintins?
D.T: Bem, mantemos o centro com ajuda dos membros, ou doações vindas das pessoas de fora e vendemos livros espíritas por meio do Clube do Livro Espírita. Tudo para mantermos nosso centro. 

 

Entrevista ping-pong com Telo Pinto

 Por Naiara Guimarães

Ocupando o cargo de Presidente da Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido desde o ano de 2010, Francisco Walteliton de Souza Pinto, ou simplesmente Telo Pinto, teve destaque com a implantação de um sistema administrativo onde o sócio se tornou mais participativo dos atos da associação. Também trouxe consigo uma nova perspectiva de agregação de valores folclóricos ao boi-bumbá, quando inseriu a festa com brincantes de outros movimentos populares da região norte. Foi inovador ao lançar o primeiro DVD dos bois, que embalou em 2011 um novo formato de apresentação dentro do Bumbódromo, o que o levou ao título, sempre resguardando a tradição do Garantido, tornando o espetáculo extremamente técnico e preciso. Em uma entrevista descontraída em sua casa, Telo nos conta sobre sua trajetória como presidente do boi Garantido, carinhosamente também chamado de boi do povão.
Naiara Guimarães: Com problemas financeiros oriundos da administração anterior, quais foram as rincipais dificuldades encontradas o seu primeiro ano de mandato? A derrota na arena neste ano teve influencia direta com esses fatos?
Telo Pinto: Recebemos o boi de uma forma complicada do ponto de vista financeiro,com muitas dividas frutas dos desmandos da administração anterior, e organizar a casa não foi fácil. Foi preciso fazer um levantamento de dívidas, bem como suas negociações e instalar uma nova estrutura administrativa, para que pudéssemos começar a pensar em fazer um grande festival. E naquele ano não considero o Garantido derrotado, pois foi trabalhado em cima de muita superação frente as adversidades financeiras e da própria estrutura do Boi, como por exemplo o caso do Davi Assayag que deixou o Garantido de uma forma que nos entristeceu e que causou muito desconforto, e que abriu uma lacuna que mais tarde veio a ser preenchida por Robson Jr, que nomeamos como Levantador, mas que por uma infelicidade do destino, teve um problema de saúde que nos deixou a poucos dias do festival sem perspectivas de preencher esse cargo tão importante que é o de levantador de toadas. Somente a dois dias do festival tivemos a felicidade de encontrar o jovem Sebastião Jr que nunca havia participado se quer de um único ensaio do nosso boi como cantor. Mas ainda voltando ao fato de termos perdido, também tivemos um problema que considero terrível na parte de concepção artística, pois fizemos um boi grande demais para o tamanho da arena, o que ocasionou na perda de minutos preciosos que foram determinantes para o desconto de pontos na apuração.
N.G: Em 2011, com uma postura arrojada, o Boi Garantido lançou um DVD, considerado por muitos a melhor seleção de toadas de todos os tempos, além disso, trouxe para somar ao seu elenco de dançarinos um grupo de Jurutí que foi fundamental nas coreografias de tribos e corpo cênico, e ainda teve a consagração de Sebastião Júnior, que conquistou seu espaço e torcida como Levantador de Toadas. Com tudo isso, e o título nas mãos naquele ano, como você avalia seu segundo ano a frente do Bumbá?
T.P: Considero um dos festivais mais bonitos feitos pelo Boi Garantido. Falar do festival de 2011 nos remete a um sentimento nostálgico, do ponto de vista da concepção artística e do desprendimento que o boi teve. Foi um festival que começou dando certo desde a ideia inicial de se fazer um DVD, até o Bumbódromo, e havia uma movimentação muito forte em relação a busca pela vitória do Garantido. Eu considero o festival de 2011 um marco para todos nós, ali se encerrava um ciclo, e era dado inicio a outro, e encerramos de forma brilhante ganhando o festival. O CD/DVD Miscigenação é grandioso e tem toadas que marcaram época e que vão se eternizar ao longo dos anos. Mas sempre com os pés no chão, sabendo que enfrentaríamos as dificuldades, principalmente as dívidas, mas acima de tudo, assumindo o compromisso de resgatar o nome do Boi Garantido. Pois tão importante quanto um título, para mim é vencer nossas batalhas jurídicas e financeiras.
N.G: Novamente com um projeto estabelecido nos moldes do ano anterior, em 2012, o Mega Show de Gravação do DVD do Garantido, que teve como palco um Bumbódromo completamente tomado de vermelho, trazia a impressão de que por mais um ano o Garantido seria imbatível. Entretanto, o contrário apresentou uma estrutura muito semelhante, muitos dizem até copiada. Isso foi determinante para que o Garantido perdesse o título de 2012? Você considera que a estrutura atual do boi de arena foi copiada e superada pelo adversário naquele ano?
T.P: Começamos o ano de 2012 com muito foco em engrandecer ainda mais o trabalho que havíamos iniciado em 2011. Com um projeto grandioso que nos remeteu a um desafio que foi enfrentado com sucesso por todos nós que foi a gravação de um DVD no Bumbódromo, onde nos perguntávamos se conseguiríamos enchê-lo de vermelho, e a galera vermelha e branca deu a resposta que queríamos, fazendo daquele dia um marco em Parintins. Muitas pessoas vieram de outras cidades, e aquela gravação do nosso DVD fez parecer que aquela era uma noite de festival acontecendo em Janeiro, tamanho foi o movimento de camisas encarnadas. O aeroporto foi super movimentado, barcos e lanchas atracavam de todos os lugares, enfim, houve um supermovimento por causa dessa gravação, o que nos deixou bastante confiantes. Infelizmente, por questões adversas a nossa vontade, tivemos inúmeros problemas, e o prior problema que considero foi a enchente, que nos obrigou a montar uma estrutura completamente improvisada para a confecção das nossas alegorias. No meu ponto de vista aí começou o declínio do nosso astral. Somado a isso, vieram os bloqueios judiciais de repasse de recursos que nos levou a um extremo de incertezas dentro do próprio boi. Somado a isso, acumulamos inúmeras despesas demandadas por conta da as´da da nossa estrutura de galpão para a rua. Isso ao final nos desgastou para a arena e não conseguimos ter a força necessária para o título.
N.G: Neste mesmo ano, um fato inédito aconteceu na arena. Você poderia esclarecer qual foi o fator que ocasionou o atraso para a apresentação do Garantido em uma das noites?
T.P: Em 2012, o contrário estava muito nervoso, havia perdido no ano anterior, e tiveram que assistir a cidade ser tomada por completo de vermelho em janeiro. Isso os levou a cometer uma série de atitudes contrario Garantido que julgo impróprias para que a festa continue seguindo num tom de brincadeira. O fator veio daí, o contrário sabotou o equipamento elétrico dos cabos de iluminação do Bumbódromo, que dão movimento e luz as alegorias. Isso foi comprovado por perícia e isso ocasionou no esfriamento da Galera, é claro, depois de enfrentar horas de filas por aquele momento e ter que passar por mais essa celeuma, é revoltante.
N.G: O boi também sofreu com a chuva em dois principais momentos da sua apresentação. Você entende que o fator natureza pode ter tido peso nas notas recebidas?
T.P: A natureza conspirou contra. Além da grande enchente, ainda tivemos de enfrentar, na noite que considerávamos a mais espetacular do ponto de vista artístico, em um ponto alto de nossa apresentação, 30 minutos de chuva torrencial. Mas nos mantivemos, lutamos, e acredito que mesmo com essas adversidades conseguimos mostrar um boi de qualidade frente a tantas dificuldades, cofiando sempre e acima de tudo em Deus para continuarmos com esse trabalho.
N.G: O ano de 2013 começa marcado por um embate entre um empresário local e o Garantido pela posse de uma área pertencente ao Boi que foi a leilão por decisão da justiça. Você poderia esclarecer qual é a atual situação deste ocorrido? O Garantido pode realmente perder este patrimônio?
T.P: No final do ano de 2012 para o inicio de 2013, tivemos esse problema que abalou nossa estrutura, por conta de um leilão de um patrimônio do Boi Garantido. É bom que se esclareça que esse galpão não foi leiloado por conta de nossa revelia. Buscamos a conciliação com os causadores do processo, e sempre brigamos juridicamente até a ultima instancia para sanar estas dividas. Infelizmente esse era um embate que se arrolava desde 2007e que veio a nos surpreender na instancia final onde tínhamos que dispor de R$50.000,00 para suspender o leilão, porém naquele momento o boi não tinha essa quantia devido os bloqueios que constantemente nos assombravam. O patrimônio foi adquirido por Francisco Vasconcelos, imediatamente tentamos um acordo com este empresário e chegamos a uma negociação. Infelizmente outras pessoas que tinham interesse contrário ao bem estar do Festival, se envolveram na negociação, chegando a fazer propostas volumosas ao empresário por este pedaço do Garantido. Isso nos levou a ter um embate jurídico junto aos tribunais e hoje se encontra suspensa a emissão de posse e ação do empresário nesta área do boi até que a corte dos desembargadores do Estado do Amazonas votem e deliberem pelo melhor comum. Estamos aguardando essa decisão, até lá continuaremos seguindo normalmente os trabalhos.
N.G: É constantemente anunciado na rádio, e televisão, que por conta de dívidas acumuladas ao longo de várias administrações, o Boi Garantido vem sofrendo com constantes bloqueios de suas contas. Como você pretende lidar com este problema que deve influenciar diretamente na construção do boi de arena? Você vislumbra uma solução a curto prazo? Esse problema também pode pesar negativamente na produção e execução do já tradicional e aguardado DVD do Boi Garantido neste ano do centenário?
T.P: É uma coisa que nos preocupa e que nos leva a ter uma atenção mais minuciosa. São inúmeras as ações contra o boi na justiça, como o caso da ex-Cunhã Poranga Jakeline Matos que teve um acidente em 1994, e que hoje chega em instancia final, onde temos que sentar e negociar para chegar um acordo que não venha a prejudicar todo o projeto financeiro do boi para o ano. Mas temos a consciência orçamentária devida para trabalhar o boi de arena com a responsabilidade que nos proporcionará fazer um belíssimo espetáculo, sempre buscando o entendimento e a conversa para fazermos os trabalhos do ano, que já começam agora com agravação do DVD O Boi do Centenário.
N.G: 2013 é anunciado com uma renovação no quadro de itens do Garantido. O posto de Porta Estandarte, ocupado até então por Raissa Barros, está sendo cobiçado por inúmeras jovens que sonham com a oportunidade de defender as cores vermelho e branco. Coma seleção em sua reta final, o que você espera encontrar na futura Porta Estandarte? Você acredita que mais mudanças de itens individuais possam acontecer até o final de sua gestão? Você vê como necessária essa renovação para que haja um envolvimento social maior com o boi entre os jovens que desejam fazer parte dessa festa?
T.P: Uma cobrança natural da comunidade do Garantido é a questão do tempo de permanência de cada item individual no seu cargo, principalmente os itens femininos. Tenho sido muito indagado no boi sobre essa questão. Esse ano tivemos um caso atípico, pois nossa Porta Estandarte, por motivos pessoais se desligará do item, abrindo também o espaço para se pensar sobre a permanência dos que agora estão. Temos feito avaliações, principalmente por que alguns deles não moram em Parintins e o boi de arena exige que haja uma maior interação e comprometimento por sua parte. Mas temos hoje um quadro de meninas prontas para assumir o posto vago, fizemos o concurso e ele já está em fase de computação de votos. Deste concurso além do Item Porta Estandarte, possivelmente também será escolhida as futuras substitutas dos demais itens.
N.G: Para você qual é o sentimento de estar à frente desta Brincadeira, “exatamente” um século depois de Lindolfo Monteverde cria-la? E como podemos esperar que o Garantido venha para a arena em uma ano que nos remete a imaginar que haverá um forte resgate a tradição da brincadeira de boi?
T.P: Estar a frente hoje do Garantido como Presidente é emocionante e envaidecedor. A mais de 18 anos trabalho no boi como coordenador, ajudante, diretor, e estou hoje no posto que é o ápice de todo torcedor. Ser Presidente do centenário me leva a uma emoção diferenciada, pela militância, pelas lutas, por tantos dias e noites dedicadas ao boi. E esse sentimento se confronta com essa enorme responsabilidade. Temos um título a ser recuperado, temos um festival para ser feito de forma grandiosa, pois é isso que a nação vermelha e branca espera. Estar a frente desta luta para fazer esse resgate da brincadeira no ano do centenário, é uma realização pessoal, que vou guardar em minha memória com emoção pelo resto de minha vida.