Um pedacinho do Nordeste em Parintins
Mesmo
longe de suas raízes, a cultura nordestina resiste em Parintins
Arigó,
esse foi o apelido dado aos nordestinos, principalmente aos cearenses que no período
áureo da borracha mudaram-se para Amazônia, são conhecidos como como ‘’soldados
da borracha’’. Fugidos da seca e da miséria esses sofridos homens buscaram na
Amazônia um refúgio, uma melhor condição para viver.
A cidade de PortoVelho, foi quem os recebeu. Eram
colocados em barracões cobertos de palha, localizados no bairro da denominado
Arigolândia, e ali passavam dias, e às vezes semanas, até serem encaminhados
para os seringais dos vales do Madeira Guaporé.
Esses homens rudes e simples foram apelidados, não se sabe por quem, de
arigós e, o bairro formado pelos barracões e casinhas de madeira e palha, foi
batizado pelo povo da cidade de Arigolândia, nome conservado ate os dias
atuais.
Esses homens contribuíram para povoar as cidades de
Porto Velho e Guajará-mirim e os seringais, até hoje são chamados de arigós
ninguém sabe ao certo porque, alguns pesquisadores acreditam que deve ser
devido ao nome dado a uma ave nativa do nordeste ‘’ Ave de arribação que habita
as lagoas do sertão nordestino’’, essa Ave vive mudando de lagoa, sem ponto
certo, sem jamais se fixar. Característica essa, que ate hoje caracteriza os
árigos, que se deslocam de cidade a cidade em busca de uma qualidade de vida
melhor.
É bem verdade que o Brasil pela sua diversidade
cultural poderia muito bem ser dividido, formando vários países independentes e
manter sua peculiariedade em cada um deles. Se isso fosse possível, o Nordeste
com toda certeza seria a grande nação sertaneja, com vários sotaques
diferentes.
A Região Nordestina do território brasileiro é
composta pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Apresenta grande pluralidade cultural,
com elementos diversificados, que integram a cultura da região. É um povo que é
conhecido por ser trabalhador, e por possuir uma das melhores e mais
diversificadas culinárias do Brasil.
Em Parintins os arigós, procuram manter esses
costumes vivos, trouxeram para a cultura parintinense pratos típicos da região,
que foi muito bem aceito pela população, assim como a música, e o trabalho.
Contribuem bastante para o fator econômico da cidade, pois em sua maioria
trabalham com o comercio.
Gastronomia
Nordestina
A cultura popular dos arigós é interessante pela
diversidade cultural, seus costumes e sotaques são tão característicos a ponto
de serem reconhecidos em qualquer lugar do mundo. Os costumes continuam a fazer
parte do seu dia-a-dia mesmo com a migração para diversas partes do Brasil. A
culinária também é uma forma de cultura. A nordestina descende da cozinha
portuguesa e africana, além da influência indígena, a carne de sol e o cuscuz
são os pratos típicos mais mantidos pelos mesmos. Eles também se alimentavam de
tubérculos, raízes e farinha.
A farinha de
mandioca, por sinal, para o nordestino, ocupa o mesmo lugar que o pão e o trigo
em outras culturas. Ela é completamente obrigatória em muitos alimentos, ora
engrossando os molhos, ora complementando o sabor das comidas.
Maria Vasconcelos 57, diz que sempre utiliza a
farinha de mandioca ou a macaxeira para incrementar os pratos, principalmente a
sopa e o cozidão. “Dá mais consistência a comida, mais sabor, meus filhos
gostam muito”.
Atualmente as comidas tradicionais que foram
adaptadas aos recursos e ambientes locais, formando a variada culinária
nordestina, são pratos de produtos do mar ou do sertão, que se aliam aos pratos
tradicionais da várzea, da serra ou da mata.
Erundina
Souza 46, cita quais são os principais pratos da culinária Nordestina.
“Ensopado de caranguejo, Buchada, Mocotó, Rabada, Carne de Sol, Mungunzá, Arroz
de Leite, Arroz Doce, Tapioca, Coalhada, mocotó, Cuscuz, Arrumadinho,
Macaxeira, Baião de Dois, Canjica, Pamonha, Rapadura, a nossa cachaça, entre
outros”. Tem de tudo, para todos os gostos. Do mais sofisticado ao mais
simples.
Sabino de Souza 40, conta que mesmo morando em
Parintins há quase 21 anos, não perde os costumes da sua origem, principalmente
a culinária. “Eu e minha esposa procuramos sempre fazer aqui em casa comidas da
nossa terra, o peixe cozido que aqui falam caldeirada, nós chamamos cozidão de
peixe, colocamos muitas verduras e o caldo e grosso, também costumo comer o
cuscuz com leite. Mesmo tendo me adaptado à cultura parintinense eu não deixo
de lado a minha cultura Nordestina”.
A esposa de Sabino, Jackeline de Souza 23, relata
que por ter vindo a um ano de Sobral sente falta principalmente das comidas
típicas de sua terra, por isso, sempre que pode improvisa algumas iguarias.
Porém, diz que não estranhou a culinária amazonense e que já está se adaptando
a essa nova cultura.
A grande variedade de fruta e açúcar também inspira
receitas de doces, licores, vinhos e batidas (cachaça batida com fruta). Maria
da Solidade 72, natural de Ceará, mora há 30 anos em Parintins, recebe várias
encomendas de doces caseiros, entre essas encomendas, por coincidência os mais
pedidos são típicos da sua terra o doce de mamão e o de caju.
“Ao mês eu acredito que recebo aproximadamente 150
pedidos de doces de frutas, entre eles o de mamão e o de caju são os que mais
saem, e são do Ceará, da terra que eu nasci.” disse.
Folclore
Nordestino
Os gêneros
musicais como o sertanejo e o forró são ritmos provindos da cultura nordestina,
mais que hoje foram adotadas em muitas partes do território brasileiro e não
pode esquecer a religião, que é mantida fervorosamente pelos arigós.
Essas são algumas características que ajudam a
identificar um migrante nordestino em qualquer âmbito, essas marcas ajudam
contar um pouco mais sobre a sua história. O carnaval é o evento popular mais
famoso do Nordeste, especialmente em Salvador, Olinda e Recife. Também as
festas juninas de Caruaru e Campina Grande se destacam.
Francisca da Silva Gomes 66, frisa que existe uma
diferença entre as festas juninas do nordeste e as festas juninas do Amazonas.
“Quando ainda morava no Maranhão e era católica, eu sempre participava da festa
de São João, o povo lá é muito participativo diferente daqui, hoje sou
evangélica não frequento, mais eu ouço comentários de que o povo de
Parintinense está deixando de lado essa tradição”
Os festejos
de bumba meu boi são tradicionais em todos estados nordestinos. Esta
festividade apresenta um pequeno drama. O dono do boi, um homem branco,
presencia um homem negro roubando o seu animal para alimentar a esposa grávida
que estava com vontade de comer língua de boi. Matam o boi, mas depois é
preciso ressuscitá-lo.
É possível perceber algumas características do boi
bumbá de Parintins. José Euridice comenta sobre as duas manifestações
culturais. “Às vezes acho semelhanças entre o ritmo do nordeste e do boi bumbá.
Já me acostumei com as diferenças, afinal a cultura parintinense se espelhou na
cultura nordestina, porém o festival se tornou mais grandioso, mas boa parte da
colonização de Parintins foi feita pelos nordestinos”.
A capoeira foi introduzida no Brasil pelos escravos africanos, é considerada uma modalidade de luta e também de dança. Adquiriu adeptos rapidamente nos estados nordestinos, principalmente na Bahia e Pernambuco. O instrumento utilizado durante as apresentações de capoeira é o berimbau, que é constituído de arco, cabaça cortada, caxixi (cestinha com sementes), vareta e dobrão (moeda).
O Reisado é uma manifestação cultural trazida pelos colonizadores portugueses. Apresenta um espetáculo popular das festas de Natal e Reis, cujo palco é a praça pública, a rua. No Nordeste, a partir do dia 24 de dezembro, saem os vários Reisados, cada bairro com o seu, cantando e dançando. Os participantes dos Reisados acreditam ser continuadores dos Reis Magos que vieram do Oriente para visitar o Menino Jesus, em Belém.
A capoeira foi introduzida no Brasil pelos escravos africanos, é considerada uma modalidade de luta e também de dança. Adquiriu adeptos rapidamente nos estados nordestinos, principalmente na Bahia e Pernambuco. O instrumento utilizado durante as apresentações de capoeira é o berimbau, que é constituído de arco, cabaça cortada, caxixi (cestinha com sementes), vareta e dobrão (moeda).
O Reisado é uma manifestação cultural trazida pelos colonizadores portugueses. Apresenta um espetáculo popular das festas de Natal e Reis, cujo palco é a praça pública, a rua. No Nordeste, a partir do dia 24 de dezembro, saem os vários Reisados, cada bairro com o seu, cantando e dançando. Os participantes dos Reisados acreditam ser continuadores dos Reis Magos que vieram do Oriente para visitar o Menino Jesus, em Belém.
Em Parintins, é realizada a festa das Pastorinhas,
manifestação esta que os nordestinos dizem ser semelhante a do Reizado. O
comerciante Euclides Barbosa, 44, comenta que se emociona muito com a
Pastorinha, pois lhe relembra o tempo em que sua mãe o levava para assistir e
participar do Reizado. “A diferença é que lá muitas pessoas participam,
inclusive minha família toda. Diferente daqui, que vejo poucos brincantes. Mas
não perco o costume de todos os anos assistir, e de alguma forma, poder lembrar
de minha terra, sentindo como se estivesse lá.”
A fé é um ponto forte do povo nordestino. Nas
pequenas cidades, ou interiores, organizam junto à igreja quermesses que tem
por fim arrecadar dinheiro para ser direcionado a reformas na capela local.
Esta festividade tem em seu fim um leilão de coisas simples como, frangos
assados, material agrícola, entre outros objetos que ajudam a arrecadar fundos
lucrativos. Procissões e missas também são realizadas.
Maria Alves Vasconcelos disse “Pessoas de outras
cidades migram para onde está acontecendo às quermesses. Todo mundo dança ao
som das bandas locais e se diverte com a compra dos produtos do leilão”.
Outras danças como, frevo e capoeira estão tecidos
no contexto cultural nordestinos, porém os arigós que vivem na Ilha
Tupinabarana não mantem vivo esta parte de sua história em Parintins. O frevo
surgiu através da capoeira, pois o capoeirista sai dançando o frevo à frente
dos cordões, das bandas de música, executando passos semelhantes ao da
capoeira. É uma dança de alucinação coletiva, do carnaval pernambucano, é praticado
em salões e nas ruas.
Pode-se encontra também a Marujada, que é um
bailado popular muito antigo. Consiste na dramatização das lutas portuguesas,
da tragédia que foi a conquista marítima. E Quilombo que é um folguedo
tradicional alagoano, tema puramente brasileiro, revivendo a época do Brasil
Colônia. Dramatiza a fuga dos escravos, que foram buscar um local seguro para
se esconder, na serra da Barriga, formando o Quilombo dos Palmares.
Literatura de Cordel é uma das manifestações
culturais nordestinas e consiste na elaboração de pequenos livros contendo
histórias escritas em prosa ou verso, os assuntos são os mais variados:
desafios, histórias ligadas à religião, ritos ou cerimônias.
Outro elemento cultural de extrema importância no Nordeste são os artesanatos. A variedade de produtos artesanais na região é imensa, entre eles podemos destacar as redes tecidas, rendas, crivo, produtos de couro, cerâmica, madeira, entre outros.
Religião
Os nordestinos são fervorosamente religiosos, tem
seus santos e gostam de participar de todos os eventos relacionados a igreja e
respectivamente a religião.
O maracatu é originário de Recife (PE), surgiu
durante as procissões em louvor a nossa Senhora do Rosário dos Negros, que
batiam o xangô (candomblé) o ano inteiro. O maracatu é um cortejo simples,
inicialmente tinha um cunho altamente religioso, hoje é uma mistura de música
primitiva e teatro.
O termo de Zabumba é uma forma dos
nordestinos unificarem religião com festa através de um conjunto musical
típico do Nordeste, que alegra sempre as festejos. O Terno de Zabumba exerce
função profana e religiosa. Tocam as “salvas”, nas rezas e novenas. É conhecido
também pelos nomes de Terno de musicas, Esquenta mulher, Cabaçal e Banda de
Couro.
Lavagem do Bonfim é uma das maiores festas religiosas populares da Bahia. É realizada numa quinta feira de janeiro. Milhares de romeiros chegam ao Santuário do Senhor do Bonfim, na Bahia. Senhor do Bonfim é o Oxalá africano, existem também promessas católicas de “lavagens de igrejas”.
Os fiéis lavam as escadarias da igreja com água e
flores. Eulália Vasconcelos 80, fala da sua religião fervorosa.
“Somos um povo muito alegre e muito religioso,
criados em uma cultura onde nos incentivaram a ir a procissões, frequentar
igreja, enfim colocar a crença religiosa em primeiro plano. Quando me mudei pra
cá me identifiquei com a cultura local e logo me adaptei”. Ela conta que a
festa da padroeira de Parintins se tornou um momento esperado, pois ela adora
ver a fé dos parintinenses sendo reproduzida nas via sacras e procissões deste
período.
É válido ressaltar a importância dos nordestinos em
Parintins, visto que são grandes contribuintes para a economia local. Trazendo
seus costumes e tradições, incluindo comidas típicas, música que hoje em dia
fazem parte da cultura parintinense.Mesmo vivendo em outros lugares do mundo,
os arigós procuram de alguma forma manter alguns costumes, seja na culinária ou
até mesmo ouvindo um bom forró de baião.
Não importa de que forma buscam reviver, o
que importa é que nunca deixam de lembrar das suas origens.
:)
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